Piracicaba Nunca Esqueceu
A história das salas de cinema em Piracicaba

Tita Andia

DARA: Então, para começar oficialmente eu gostaria só que você me falasse o seu nome completo, só para deixar registrado.

TITA ANDIA: Sim. Maria Conceição Andia de Vilhena Moraes.

DARA: Ok. Então, a primeira coisa que eu queria te perguntar. Qual que é a sua ligação com as salas de cinema de Piracicaba?

TITA ANDIA: Eu frequentava muito os cinemas, sempre gostei. E como eu tava falando, desde menina, eu tinha uns 15, 16 anos, por causa da relação com o meu irmão que ele sempre gostou. Então, a gente estava sempre no embalo assim… Eu assistia, gostava muito de cinema e sempre gostei muito, inclusive do filme que a gente fez quando era menina, né?

DARA: E o que a senhora fez nesse filme? Qual que era a sua parte nesse filme?

TITA ANDIA: Ah, eu era atriz principal, né. (risos) Então, eu me lembro assim de umas cenas, tipo assim eu em frente, no meu quarto, em frente… como é que fala? Um espelho, uma penteadeira e eu penteando o cabelo era uma das cenas do filme, muito importante. (risos) E tinha uma amiga que era uma vizinha, ela fazia o papel de coadjuvante, né.

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: E foi muito muito legal. E o meu irmão era o diretor. E foi um filme assim muito, inclusive depois a gente convidou os amigos para irem assistir o filme, depois de pronto, né? Foi muito legal, não me esqueço nunca disso.

DARA: Que legal e a senhora tinha o hábito de assistir filmes na sala de cinema?

TITA ANDIA: Tinha.

DARA: Você tinha alguma frequência assim ou esporadicamente?

TITA ANDIA: Não eu ia, é que eu… eu ia muito mas eu tinha… Não sei se posso falar isso, eu tinha o meu primeiro marido ele estudava fora e ele não gostava muito que eu saísse quando ele não tava aqui, então, eu não ia muito quando ele vinha. Sim, eu ia muito ao cinema gostava muito de cinema.

DARA: Ah que legal. E hoje em dia a senhora vai ao cinema ou não mais?

TITA ANDIA: Não, bem, agora não. Agora eu já fico assistindo minhas séries, sabe? Gosto muito de assistir filme na televisão. Atualmente eu ando meio… como que eu vou dizer? Recolhida, sabe? (risos) Porque eu tô, sou muito sozinha, né? Porque as minhas filhas, Ana Maria mora em Americana, a outra mora em São Paulo, eu só tenho meu filho que mora aqui. Então, não tenho, é falta mesmo de companhia, né? Porque eu tive dois maridos mas depois fiquei viúva. Então, eu não tenho muito assim…

DARA: E você acha que o cinema é algo que faz mais sentido em dupla em trio em algum grupo do que sozinha assim?

TITA ANDIA: Ah sim, eu acho que sim, eu gostava de ir com amiga, né?

DARA: Uhum. E você lembra da última vez que você foi ver um filme no cinema?

TITA ANDIA: A última vez foi em São Paulo com o meu falecido marido. Eu fui assistir Ghost num cinema em São Paulo, ali perto da Paulista. Não me lembro o nome do cinema agora. Acho que foi a última vez que eu fui ao cinema.

DARA: E aqui em Piracicaba, você lembra a última vez?

TITA ANDIA: Aqui em Piracicaba faz muito tempo, muito tempo…

DARA: E os cinemas de shopping daqui de Piracicaba você não chegou a frequentar?

TITA ANDIA: Não, parece brincadeira falar, né? As pessoas adoram ir ao shopping e ao cinema e eu não sinto, sabe? Essa vontade de ir ao cinema no shopping.

DARA: Por que você não sente essa vontade?

TITA ANDIA: É pelo motivo que eu tô te falando, eu sou muito sozinha, então, lógico se eu tivesse uma companhia, entendeu? Uma amiga, ou então quando eu tinha meu marido e tal, mas agora como eu sou muito sozinha. Eu sinceramente não tenho muita…

DARA: Uhum. E o último cinema de rua aqui em Piracicaba foi o Cine Arte Grande Otelo, a senhora chegou a frequentar esse cinema?

TITA ANDIA: O Cine Arte que era no shopping?

DARA: O Cinearte ele era atrás do teatro Losso Netto.

TITA ANDIA: Na Independência?

DARA: Isso, na independência.

TITA ANDIA: É, já cheguei mas só que eu não me lembro agora o filme, porque acho que deve ter ido uma vez que era com o Quinho também né…

DARA: A senhora só foi uma vez assim e não ia com tanta frequência?

TITA ANDIA: Não.

DARA: Ah, entendi. E o Cine Broadway, a senhora chegou a frequentar?

TITA ANDIA: Ah sim, muito, muito mesmo. Nessa época eu tinha uns 16, 17 anos e eu ia muito no Broadway, muito. No Broadway e no Polytheama, eram os dois cinemas assim que eu mais frequentava na época. E o Broadway nossa… muito, muito, muito, gostava muito!

DARA: E o que que você assistia no Broadway? Você lembra de algum filme, alguma série, alguma coisa que te marcou?

TITA ANDIA: Mazzaropi, eu gostava.

DARA: E o Cine Broadway depois ele se transformou no Cine Tiffany. Você chegou a frequentar o Cine Tiffany depois da reforma e tudo mais?

TITA ANDIA: Não, eu acho que o Tiffany é onde era o palácio, o Rivoli.

DARA: O Rivoli virou Palácio.

TITA ANDIA: É, e depois virou Tiffany.

DARA: O Broadway virou Tiffany.

TITA ANDIA: É o Broadway virou… Mas essa época… Sabe o que é? Eu me mudei daqui de Piracicaba, eu casei e mudei e depois fiquei em São Paulo, 20 anos, morando lá. Então, essa época aí, foi uma época que eu nem tava aqui mais.

DARA: Ah entendi.

TITA ANDIA: Então é por isso que eu falei para você, que lá eu me lembro do filme que eu fui assistir com o meu marido, Dr. Paulo. Mas eu não ia muito mais ao cinema, né?

DARA: Uhum, aqui já não muito.

TITA ANDIA: É, aqui em Piracicaba mesmo eu já não muito.

DARA: Uhum. E o Cine Rivoli/Palácio a senhora também chegou a frequentar algum?

TITA ANDIA: Sim, cheguei mas muito pouco. Porque depois como falei eu me casei e fui embora daqui, fui morar fora, então, essa parte eu ia muito lá no cinema em Uberaba onde eu morei, né?

DARA: Ahhh, Uberaba?

TITA ANDIA: É Uberaba, lá eu frequentei bastante o Cinema. Porque na época o meu marido estudava lá, o pai da Ana, e nós íamos bastante ao cinema em Uberaba.

DARA: E como foi assim crescer assim… Com quantos anos a senhora saiu aqui de Piracicaba?

TITA ANDIA: Eu casei com 22 e já fui morar em Uberaba, porque o meu marido era estudante de medicina ainda na época. Então eu fiquei lá até ele se formar e de lá a gente foi direto para São Paulo para ele fazer a residência na maternidade de São Paulo e lá eu fiquei uns 2 anos, morando em São Paulo. Depois eu vim para cá, mas daí eu já tinha Ana Maria, nenê, o meu filho mais velho, com dois aninhos. Então daí já ficou mais complicado, né?

DARA: Entendi, aí depois quando você voltou para casa?

TITA ANDIA: É quando eu voltei, né.

DARA: Aí já ficava complicado.

TITA ANDIA: Daí já ficava complicado eu sair porque…

DARA: Criança, né? (risos)

TITA ANDIA: É, com criança é meio complicado.

DARA: Fica complicado.

TITA ANDIA: É.

DARA: Então como foi crescer assim? A sua infância, sua adolescência, como foi crescer tendo essa influência do cinema, da sala de cinema ao redor?

TITA ANDIA: Ahh, o que que eu vou dizer para você? Ó, eu sempre tive essa imagem por causa do meu irmão, né? Desde que eu falei, quando eu tinha uns 15, 16 anos, então eu gostava muito, sempre gostei. E quando veio essa artista aqui para Piracicaba, me lembro muito bem, foi, era bem familiar, né? Por causa do meu irmão, então todos em casa, a gente gostava de cinema.

DARA: Era um ambiente assim…

TITA ANDIA: É, ambiente mesmo.

DARA: Ah bacana. E o Cine Plaza a senhora chegou a ir na abertura ou frequentar? O Cine Plaza é aquele que ficava embaixo do COMURBA.

TITA ANDIA: Não, aquele eu nem cheguei a entrar. Não, eu fui uma vez só para conhecer porque eu já não tava morando mais aqui.

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: E logo depois, porque ficou muito pouco tempo…

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: Era o cinema mais bonito da cidade, mais moderno, muito lindo, mas eu fui só uma vez e logo depois aconteceu o desastre e acabou. Mas era um cinema muito lindo. Bem moderno, bem bem diferente dos outros que a gente conhecia aqui.

DARA: E onde a senhora estava quando o prédio caiu? Estava aqui em Piracicaba?

TITA ANDIA: Eu tinha vindo para cá, pra casa da minha mãe, para fazer um fim de semana porque eu tava em São Paulo mas eu sempre vinha no fim de semana. E eu estava com a minha mãe aqui, andando aqui na Independência, que no alto você vê lá embaixo, na época o COMURBA era o prédio mais alto da cidade. E nós olhamos pro centro e só vimos uma poeira, uma fumaça e cadê o COMURBA? Tinha acabado de cair.

DARA: Nossa…

TITA ANDIA: É, e minha mãe ficou desesperada, porque o meu irmão, o Quinho, e meu pai estavam dentro do cinema, no escritório do lado, e o COMURBA caiu e eles estavam ali dentro. Não aconteceu nada, saíram pelo cano do ar condicionado, né? Saíram pela outra rua. É, mas foi uma pena, porque eu fiquei muito pouco, frequentei muito pouco o Plaza.

DARA: Uhum. Nossa mas que desespero ver o prédio caindo assim.

TITA ANDIA: Foi, foi terrível. Minha mãe… nossa! Porque a gente sabia que eles estavam lá, né?

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: Nós sabíamos. E eles estavam lá dentro, né? E a gente ficou naquele desespero… minha mãe, nossa! Ela… E daí eles apareceram cheio de poeira, porque eles saíram da outra rua.

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: E minha mãe gritava, ela não acreditava que era meu pai e meu irmão, que estavam vivos, né? Que não tinha acontecido nada com eles. Foi muito… foi muito traumático.

DARA: Imagino, imagino… Mas quando o prédio caiu vocês foram para lá à procura deles ou eles apareceram em casa?

TITA ANDIA: Não, então, daí eu tava saindo com a minha mãe, parece que eu tinha saído com ela, fazer unha qualquer coisa assim, quando a gente viu aquilo minha mãe já ficou desesperada e eu também, né? A gente foi de carro, fomos até o centro.

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: Quando a gente chegou, vimos o carro deles, né? Embaixo dos escombros e aquele desespero, né? Eu e minha mãe e daí demorou muito… Eles apareceram todos assim com pó, com poeira, porque imagina… Foi muito terrível, foi terrível.

DARA: Imagino, imagino mesmo… Ah, tem um cinema que eu queria perguntar, a senhora chegou a ir no Cine Paulistinha, que era o cinema que ficava na Paulicéia?

TITA ANDIA: Não, não, nesse eu nunca fui.

DARA: É que era super longe também, conheço poucas pessoas que foram lá.

TITA ANDIA: É, é… Era lá na Paulista.

DARA: Isso.

TITA ANDIA: Paulistinha, esse eu nunca fui.

DARA: E o Cine Polytheama?

TITA ANDIA: O Polytheama eu frequentei muito.

DARA: É?

TITA ANDIA: Muito mesmo. Eu tava namorando, começando a namorar.

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: E a gente ia muito.

DARA: Tinha muitos encontros assim no cinema?

TITA ANDIA: É, no cinema.

DARA: Ah que legal. Então foi mais na época do começo da sua vida adulta assim que você frequentou?

TITA ANDIA: Isso.

DARA: E você lembra mais ou menos o que que passava lá? O que que tinha?

TITA ANDIA: Eu lembro de uma coisa que foi muito interessante, que eu um dia, eu tava… entrei no… não foi no Polytheama, foi no Brodway e o meu marido, meu falecido marido, era jovem e estava começando a namorar e ele viu eu entrar no cinema e ele queria entrar mas ele tava camisa de manga curta, aquela época tinha que ir de manga comprida, daí ele emprestou de um amigo correndo a camisa e entrou no cinema, porque eu tava lá. Daí quando eu vi assim falei “Mas essas camisa não é dele” Daí ele contou “Não, eu te vi entrando”. Entrou por minha causa, né? Mas o filme não vou lembrar, bem, eu era muito jovem, era muito jovem.

DARA: Uhum. E como que era essa experiência de se arrumar assim para ir pro cinema? A senhora lembra mais ou menos como você gostava de ir?

TITA ANDIA: Ah, eu era muito vaidosa, né? Aí então eu tava sempre… Naquela época usava aqueles vestidos rodados, né? Tinha saiote. E eu era assim… conforme diziam as pessoas que me conheciam que eu era muito, muito chique, era chique. Eu gostava, né? Gostava de me vestir bem, eu gostava muito. Era o começo da minha juventude, né? Porque eu tava indo estudando quando eu conheci meu marido. Eu tava fazendo o último ano de professora, me formei professora e depois de casada, mas não tem nada a ver com o cinema isso aí… Depois de casada, com meus filhos adolescentes, eu fiz a faculdade de direito e me formei advogada. Só que também não exerci, mas fiz. E essa época, sinceramente, eu não ia muito em cinema.

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: Não sei se é porque eu tinha meus filhos já… Adolescentes, né?

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: Então eu não frequentava muito, não.

DARA: Depois assim da sua adolescência, né, começo da vida adulta, a senhora voltou a frequentar os cinemas em algum outro momento ou foi mais nesse?

TITA ANDIA: Então, como eu falei para você, quando eu tava lá em São Paulo, que depois que eu me separei eu casei com esse médico de São Paulo, e eu me lembro desse que eu fui com ele, num cinema na Paulista, não me lembro o nome do cinema que eu fui assistir Ghost com ele, mas é só isso que eu me lembro.

DARA: Mas nessa frequência que você ia quando tinha o Broadway assim você não voltou?

TITA ANDIA: Ah, não, não… Isso só quando eu tinha mesmo 16, 17, 18, a época que eu namorei, né? Que eu namorei muitos anos. Daí eu frequentava muito mas era mais o Broadway e o Polytheama.

DARA: Entendi. E o Cine Colonial?

TITA ANDIA: Eu lembro. (risos) O Colonial eu ia muito. (risos) Me lembro muito porque era o começo de namoro, sabe? Então eu ia muito no colonial, eu gostava, eu ia bastante, sim.

DARA: Ia lá por causa dos encontros?

TITA ANDIA: É porque meu pai era muito… não queria. Achava que eu não podia namorar porque eu era muito jovem e tal. Então, a gente tinha no Colonial porque era um um cinema que não era tão frequentado igual o Palácio na época, né?

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: Eu ia muito, lá no colonial, mas para namorar. (risos)

DARA: E o Cine São José?

TITA ANDIA: O São José, não. O São José era um teatro, né?

DARA: E depois se transformou num cinema. Aí eu vou até agora olhar a minha colinha para ver quando que ele se transformou num cinema.

TITA ANDIA: eu me lembro do cinema no São José.

DARA: O São José foi… eu me perdi aqui. Ele foi no começo dos anos 30/40 assim ele teve um cinema por um momento.

TITA ANDIA: Quando?

DARA: Não, pera eu acho que eu vi errado, porque se o Cecílio ia, né? Acho que foi lá para 50/60, na verdade. Ah não, eu vi o cinema errado. Não, ele teve um cinema por volta dos anos 20 mas depois ele abriu de novo nos anos 50. E aí ele foi um cinema por um tempo. Era uma época que era o São José e o Broadway.

TITA ANDIA: Então essa época… 50… Não, eu não me lembro.

DARA: Ah sem problemas. (risos) Para você, então, o que significava para você quando assim era dia era hora de ir no cinema, o que significava para você?

TITA ANDIA: Ah era gostoso, era uma hora, umas horas que a gente passava, era muito bom, eu gostava muito de sair para ir ao cinema, muito legal, gostava.

DARA: E toda vez que você ia no cinema assim você tinha algum ritual, assim, “ah eu tinha que primeiro tomar um banho, vestir uma roupa e chegava lá”. Fazia o que? Tinha algum algum ritual, alguma coisa que você sempre fazia toda vez que ia no cinema? Você tinha algum hábito assim?

TITA ANDIA: Ah, eu acho que não.

DARA: E hoje em dia, a gente estava conversando que você não vai mais no cinema, se hoje em dia os cinemas fossem de rua você acha que você gostaria de voltar no cinema se eles fossem de rua em vez de ser do shopping?

TITA ANDIA: Ah, sinceramente, (risos) eu acho que não, sabe? Porque a vida da gente muda muito, né? Então mudou muito a minha vida, sabe, porque fiquei muito sozinha, meu marido morreu, eu fiquei sozinha aqui dentro de casa, demorou pra eu… para passar aquela fase do luto, né. E daí eu fiquei não não me interessei mais, sabe, em sair.

DARA: E então se pudesse escolher uma sala que você frequentou mais, qual você acha que seria?

TITA ANDIA: Eu acho que é o Rivoli, né, que foi o Palácio que mudou tanto de nome, né.

DARA: É uma confusão, nossa.

TITA ANDIA: É eu gostava muito era mesmo do… aquele que fica na Benjamin, né. Foi Palácio primeiro, depois foi Rivoli.

DARA: Uhum, é ele só teve esses dois nomes.

TITA ANDIA: Isso aí.

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: É, era o que mais eu frequentava.

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: Mais do que o Polytheama, o Broadway, eu acho que essa época já não não tinha muito… e era mais novo, mais moderno, entendeu, então era o que eu gostava mais.

DARA: E além de ser mais novo, mais moderno assim, tinha algum outro motivo assim para você frequentar mais ou?

TITA ANDIA: Não, não.

DARA: E algum cinema assim, alguma sala te marcou assim, que tem alguma coisa que você na hora… Da hora que eu falo “sala de cinema de Piracicaba”, você lembra de cinema que você frequentava mais ou você lembra de algum outro cinema assim que mesmo se você não tendo frequentando muito te marcou alguma coisa assim?

TITA: ANDIA: Não, é aquilo que eu falo para você, o que marcou mesmo foi o Broadway e o Polytheama, né.

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: Que eu ia, ia muito. Que na época acho que nem tinha o Rivoli ainda. Tinha sim.

DARA: Acho que tinha.

TITA ANDIA: Tinha, é. Mas o que mais eu frequentei assim, quer dizer, eu não tinha… Eu era jovem 15, 16 anos, então não tinha namorado. Então ia com as amigas, entendeu. E ali era o centro né, da cidade, era onde a gente conhecia os rapazes que ficavam ali andando em frente ao cinema e (risos) era muito interessante. Os rapazes ficavam assim tudo em fila e as moças passavam, sabe, (risos) para paquerar “flertar”, na época a gente falava, né. E era sempre no Polytheama e no Broadway, né. Você saía do cinema e ficava dando volta ali e o Polytheama era igual porque era logo ali, né. Então era muito gostoso… Era uma, foi uma época muito marcante.

DARA: E a senhora chegou a dar essas voltas assim?

TITA ANDIA: Ah sim, sim. (risos)

DARA: Ah, bacana. Assim, você teve muita influência, né, de para ir ver filmes no cinema, você chegou a passar isso pros seus filhos assim algum tipo de incentivo ou eles acabaram não indo muito no cinema? Teve alguma coisa assim?

TITA ANDIA: Olha… eu acho que não, né? (risos) Ai meu pai do céu. (risos) É, eu acho que sim, porque essa época eu morava numa chácara, era distante, né, quer dizer, para eles irem ao cinema eu tinha que levá-los, tinha que buscá-los

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: Porque a gente morava distante, né.

DARA: Uhum. E bom, para começar a nossa finalização, tem alguma outra história ou alguma coisa que quando eu comecei a comentar sobre o assunto assim que você lembrou que se passou numa sala de cinema ou que tem a ver com alguma sala de cinema?

TITA ANDIA: Olha, bem, eu acho que não viu.

DARA: Você acha que fez parte da sua vida assim mas depois você…

TITA ANDIA: Passou, né, na minha adolescência e depois como eu te falei eu casei cedo, pelo menos hoje em dia é cedo, né? 22 anos é muito cedo para casar, mas na época era tarde. Então de eu ter saído daqui, daí eu ia muito ao cinema lá em Uberaba.

DARA: Uhum.

TITA ANDIA: Era uma coisa que eu fazia muito frequentemente, porque eu tava recém-casada né e o divertimento a diversão da gente era ir ao cinema.

DARA: Uhum

TITA ANDIA: Eu ia muito ao cinema, lá em Uberaba.

DARA: Era sua… o principal lazer assim?

TITA ANDIA: Isso, era ir ao cinema.

DARA: Uhum. E teve algum filme assim que a senhora viu que te marcou muito assim que você lembra até hoje assim de algum filme?

TITA ANDIA: “…E o Vento Levou”

DARA: É?

TITA ANDIA: O final eu acho que vi umas 10 vezes. Será que foram mais de 10? Foram mais de 10 vezes. Ah meu pai… “…E o Vento Levou”

DARA: Ele te emociona?

TITA ANDIA: Nossa muito, muito.

DARA: É um filme muito bonito mesmo. Indo pros finalmentes eu queria só pedir pra senhora olhar aqui pra câmera que a gente vai bater uma fotinho. Dá um sorrisinho. Dá um sorrisinho aí pode olhar pra cá.

TITA ANDIA: Ai eu não gosto de sorrir.

DARA: Olha, eu sorrio assim normalmente. (risos)

TITA ANDIA: Pera, ai.

PRODUÇÃO: Aeeee!

DARA: E para finalizar, finalizar agora mesmo! Eu tô falando finalizar faz uns 10 minutos, né? (risos) Mas para finalizar mesmo eu só queria entregar um presentinho para você de agradecimento.

TITA ANDIA: Muito obrigada, muito obrigada.

DARA: Eu que tenho que agradecer, pela senhora despojar seu tempo, sua casa. Nossa mexemos em tudo.

TITA ANDIA: Agora você vai precisar me ajudar.

DARA: Vamos lá.

TITA ANDIA: Eu não vou te derrubar?

DARA: Não, manda bala, manda bala (risos). Eu tava carregando uma caixa com uma câmera. (risos) Deixa eu te segurar assim. Aeeee!